VISÕES DO MUNDO - DE HOBBES A MILL

Nessa era em que vivemos, que alguém convencionou denominar pós-moderna, seja lá o que isso quer dizer, vejo semelhanças imensas da sociedade ocidental com aquelas populações de lemingues, de que se fala (tese discutidíssima) que cometeriam suicídio em massa, ao se aproximarem de superpopulação.

Nossa sociedade - seja ela contemporânea, moderna ou pós-moderna, como quiserem os "explicadinhos" não passa exatamente pela mesma urgência, embora tenhamos um orbe razoavelmente populado. Não, o paralelo demandante de extinção não é superpopulação. Tampouco é a bomba atômica (pesadelo com que Albert Einstein jamais sonhara ao teorizar sobre a fissão nuclear, estou mais que seguro).

Nossa sociedade está sendo vitimada por estupidez.

Do alto do conhecimento humano alçado a píncaros nunca dantes sonhados, até porque o conhecimento nunca é terminativo - será sempre progressivo, a humanidade está encontrando seu paradoxo mortal na progressão irrefreável da estupidez em todas as esferas, alcançando mais ou menos todos os extratos sociais.

Considere-se a coisa prosaica de que quem sustenta o tráfico da cocaína é quem PODE PAGAR por ela, supõe-se que a maioria que a compra seja gente minimamente esclarecida (já ouviram falar de pé-de-chinelo se entupindo de pó?) Em outra ponta da mesma realidade - qual o sentido em se cometer um crime (tráfico) que pode afetar os próprios filhos e/ou netos? Observem que temos nessa relação consumista o impulso de quem tem mais recursos, o que demonstra uma vez mais que riqueza não é exatamente paralela com inteligência.

Outro indicativo do que lhes proponho está no "modus vivendi" de nossa população. O hedonismo cirenaico está em voga absoluta, impulsionado pelo pensamento de mentes tão brilhantes quanto tendenciosas (me refiro a sua inflexão sobre a teoria utilitarista) como a do Sr. Stuart Mill (pensador do século XIX).

Derivado de maneira geral dos ideais libertários do iluminismo, o comportamento de nossa civilização é voltado para o hedonismo, da busca do prazer a todo custo. E isso tem distorcido de tal modo as relações humanas, que a relativização de conceitos sociais basilares - como respeito, caráter privado da vida de cada um, e legalidade de conduta - não nos deixa saber como agir, nem por onde começar, para arrumar a "zona" (se me permitem a impropriedade) que tal pensamento produziu.

Em terreno assim tão propício, nada mais natural que medrem círculos políticos podres, como os que temos em nossa nação (eles existem também em outros países, embora nem tão abundantes, a meu ver), que floresçam capitalistas descompromissados com meio-ambiente ou vidas humanas ("que importa um conservantezinho cancerígeno? Vamos morrer mesmo!"), que surjam profetas do Apocalipse em cada esquina (na verdade preocupadíssimos mais com seus bolsos que com a saúde espiritual das pessoas), movimentos pseudo-defensores de minorias, radicalismos religiosos de toda espécie...

Estamos no século XXI, e outro pensador mais antigo (vivera entre os séculos XVI e XVII) é que nos traz luz sobre a pós-modernidade, tendo em vista o "status quo" - Sir Thomas Hobbes, a quem se atribui a citação "o homem é o lobo do homem". Estamos nos destruindo, e a coisa incrível (horrível) é que o fazemos porque QUEREMOS!

Hoje é domingo, 06.05.2012. Vamos ver no que vai dar a pos-modernidade.

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