ECT - OU O PRÊMIO DA INEFICIÊNCIA

Abro esta semana num ataque de nostalgia absolutamente dilacerante.

Quando menino, se havia algo sério no Brasil, era o poderoso DCT - ou Departamento dos Correios e Telégrafos, gestionado pelo governo federal. Com muito menos recursos de logística e gerenciamento, sem nem se sonhar com computadores ou internet, os funcionários do dito departamento tinham desempenho impecável.

Muitas vezes se ouvia falar de correspondências extraviadas, claro, mas essa maldição nunca acossou minha família. Conhecíamos o carteiro de nosso quarteirão, o querido Serôdio, com voz empostada ao dizer em voz alta "Correio!"...

... enfim, reminiscências de tempos que não voltam mais, tempos em que as pessoas tinham mais respeito umas pelas outras, os corruptos tinham menos coragem de se expor, já havia falta de empregos, claro, mas a coisa era resolvida, mais cedo ou mais tarde.

O que temos hoje? Uma coisa esquisita, misto de empresa, misto de autarquia, com "lojinhas" de franquia. Preços estranhos para serviços relativamente iguais - como se supôr que uma carta simples NÃO RECEBA CUIDADOS, e uma carta registrada os tenha? O nome disso é imoralidade. Ah, lançou-se uma outra alienação, a chamada "carta social" (não se iludam, não tem nada de social, tem mais a ver com os sócios que dividem os lucros de serviços multiplicados).

Nas lojas, salvo raríssimas exceções, preciso pontuar mais uma vez, empregados papalvos, destituídos de entendimento ou cortesia, que somente repassam valores e cálculos, sem ter a mais bisonha defesa dos valores praticados. Valores que muitas vezes beiram o irreal... vocês que me leem sabiam que algumas encomendas pequenas chegam (com certeza) e mais baratas via aérea do que via ECT?

Empregados que precisam fazer pequenas reuniões no meio do expediente, para eliminar uma dúvida de algum cliente, simplesmente porque não foram treinados para pensar e resolver a dúvida de quem está diante deles. Então, precisam se assegurar com os outros, sobre o que vão dizer... seria cômico, se não for patético.

Ah, mas isso não é tudo. Experimentem enviar uma carta com AR (antigamente isso era coisa séria). Tentem depois saber onde deve estar, alí pelo terceiro dia de enviada. Terão de resposta a notícia de que não há como rastrear (???) a tal correspondência. Agora, imaginem a quantidade de "cartas sociais" que se extraviam todo dia, às quais a palavra rastreio simplesmente não diz respeito!

Sem contar em pacotes dilacerados, como se chegassem da Síria, ou envelopes com conteúdos expostos/amassados... Tem correspondência que parece ter sido pisada por uma manada de elefantes...

Não tenho absolutamente nada contra os abnegados que enfrentam chuva, insolação, cães bravos e clientes grosseiros, na tarefa diária de distribuir as correspondências, todo santo dia. Nem de transportadores que varam a madrugada, levando pesados malotes... tenho críticas a seus superiores, que não têm competência para tal e, principalmente, tenho críticas contra os operadores das tais "lojinhas", que mordem um lucro avantajado, para entregar serviço minimamente sofrível.

Sinceramente, sonho com o retorno do "status quo" de outrora. E tenho certeza de que a iniciativa teria sucesso, com todos os recursos da computação que temos hoje.

Quero que o correio seja novamente a prestadora de serviços mais eficiente do Brasil, como já foi, no passado.

P.S. - Não queimem o juízo tentando descobrir onde o Serôdio trabalhava - era na Rua Coração de Maria, no Méier, Rio de Janeiro, RJ (ah, eu tenho saudade da Guanabara também...).

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