PAIS QUE NÃO SÃO PAIS... FILHOS QUE SÃO COISAS... CELULARES QUE SÃO BABÁS

"Não sei onde eu errei com você, filho..." - "Estou aqui, pai!"
Extraído de um conteúdo da SEED Paraná
 
E a humanidade caminha inexoravelmente para mais uma encruzilhada... Estou com sinceros receios de que a civilização ocidental esteja morrendo, mais por causa de si mesma e de suas escolhas, do que por fatores exógenos a ela.

A modernidade tem nos empurrado literalmente para uma sociedade em que infância não tem vez (ainda que existam rótulos aparentemente favoráveis), em que o que vale é a satisfação pessoal a QUALQUER custo, em que coisas e animais irracionais recebem mais atenção do que à prole de dita sociedade... valoriza-se mais o que é "politicamente correto" do que é NITIDAMENTE CORRETO. Enfim...

Mas nem todo mundo se acomoda. Prova disso é o excelente ensaio de uma psicóloga, Viviane Battistela, que transcrevo aqui, e que tem o título de...

AS CRIANÇAS TERCEIRIZADAS CRESCERAM E SE MATARAM

Na semana que passou gravei uma série de stories sobre o aumento estrondoso do suicido entre adolescentes e jovens.
Um grito de alerta, não de uma psicóloga, mas de uma mãe amedrontada, de uma mulher que lutou com todas as suas forças pela própria vida, de uma mãe que se dedica a educar seu filho.
Ouvi recentemente de uma senhora idosa que “está tudo bem” se a nora dela der o celular nas mãos dos filhos diariamente porque tem “coisas para fazer”. Vou falar o que? Sou veementemente contra enfiar aparelho eletrônico na fuça de criança para que elas “deem sossego” Primeiro porque são crianças e precisam de rotina: tomar banho, jantar, fazer o dever de casa... e isso leva tempo, não vejo necessidade alguma e nem vejo tempo livre para que fiquem no celular. Segundo porque eles já têm idade para entender que se a mãe precisa fazer o jantar ou qualquer outra atividade no lar eles tem que respeitar isso. E terceiro porque eu não consigo ligar uma coisa à outra. Por que dar o celular na mão do filho enquanto você tem que fazer o jantar? “Ah mas é que com o celular na mão eles ficam quietos! Não brigam e me dão sossego!”
Pois é! Crianças brigam e fazem barulho. Entre irmãos é natural e importante que se relacionem, que briguem por espaço e por atenção e que aprendam a se respeitar porque é através dessa experiencia que criam laços de afeto. Casa com crianças tem barulho. E é importante que eles vejam as obrigações dos pais para que entendam que todos as têm na vida adulta – e já na infância podem ter também. A vida real precisa ser mostrada.
Eu não posso falar nada quando ouço essas conversas "porque meu filho não usa o celular de segunda a sexta e o mais importante: meu filho me obedece! Qualquer comando que eu dê a ele seja frustrante ou não ele faz. Ele reclama, faz drama, argumenta como ninguém, tenta se safar...dá um trabalho imenso, mas ele me obedece".

Talvez seja este o trabalho que os pais não querem. Sou taxada de brava, de rude, muitos não gostam do meu tom ao falar desse assunto porque sentem-se criticados, pois eu tenho um pedido: por favor, não tenham (mais) filhos! Estou cansada de ver o sofrimento deles, cansada de conversa afiada e cansada de ser criticada porque eu educo meu filho com disciplina.

Educar leva tempo – na verdade anos de sua precisa e egoísta existência, além disso desgasta, tira a gente do sério, mas crianças não podem ser deixadas para segundo plano e nem terceirizadas para que o celular cuide delas e as eduque.

O mundo é um lugar hostil, não há espaço para quem vive numa bolha sendo entretido por smartphones e cuidado por babás, empregadas domésticas, motoristas e professores que são cobrados o tempo todo para que exerçam funções que são dos pais.
Parem de ter filhos! O mundo está apinhado de gente e vocês não tem tempo para educá-los.
Se você não tiver filhos eles não atrapalharão suas noites, seus finais de semana e suas férias.
Se você não tiver filhos você não terá que deixar de comprar coisas para você para comprar para eles.
Se você não tiver filhos você não terá que se preocupar com a rotina doméstica nem com a alimentação, a limpeza, as roupas e a segurança dentro de casa.
Se você não tiver filhos você não terá que passar noites em claro cuidando da febre nem tardes de sábado estudando para a prova da segunda-feira.
Se você não tiver filhos você não vai precisar usar grande parte do seu tempo conversando com eles, falando sobre ética e moral, passando conceitos e valores que são seus, dando-lhe lições e exemplos de vida e mostrando-lhe uma denominação religiosa e pessoas inspiradoras nem abraçados a eles quando estiverem tristes ou sentindo-se mal. Existem pais que não querem perder dez minutos para conversar com seus filhos na infância, se não fizerem isso, na adolescência não vai adiantar tentar.
Se você não tiver filhos não vai precisar dar a eles um animal de estimação para que eles aprendam a cuidar de um ser vivo, a respeitar e viver a experiencia da amizade mais verdadeira que existe.
Se você não tiver filhos você não vai precisar fazer passeios que eles gostam mais do que você, nem fazer encontros de amigos em casa, nem festas de pijama e nem ficar na fila dos brinquedos do parque por quase duas horas.
Se você não tiver filhos você terá o tempo e o silencio que quer sem sacrificar a vida de um ser humano que precisa de você e que não pediu para nascer.
Se você não tiver filhos não terá que discutir com o outro genitor deles sobre nenhum assunto e se vocês vivem juntos essas crianças não irão atrapalhar vocês porque pasmem, eu ouço da boca de muitos pais que os filhos atrapalham!
Se você não tiver filhos você não vai precisar cortar suas as unhas, pentear seus cabelos, dar-lhes banho, escovar seus dentes e ensiná-los a fazer tudo isso sozinho conforme crescem.
Se você não tiver filhos você não vai ter que ir a reuniões escolares, checar a agenda escolar todos os dias, acompanhar as notas, levar às aulas complementares nem ler para eles quando ainda não souberem ler.

Eu sinto muito informar-lhes, mas se vocês tiveram filhos vocês têm uma obrigação que não pode ser terceirizada a ninguém por mais dinheiro que vocês tenham. Dinheiro não substitui afeto. Não se ama os filhos sem dar tempo e atenção a eles.
As crianças terceirizadas estão crescendo e cometendo suicídio porque não dão conta de viver num mundo para o qual não foram apresentadas, porque se sentem desamparadas e culpadas, são livres para fazer o que quiserem mas nunca sentiram-se importantes e são tratadas como se atrapalhassem a vida de quem as colocou no mundo.
Nenhum indivíduo sobrevive a tamanha dor e para esta dor o remédio que buscarão está lá na boca de fumo ou na janela pela qual se jogam.

Não tenha filhos, já estou cansada de ver adolescente e jovem se suicidarem.

Por favor, ensinem seus filhos o valor da vida.

Obrigada.

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