quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

O ERRO CAPITAL DA ESQUERDA (GRAÇAS A DEUS!)


Posto alegremente esse "mea culpa" involuntário... que colhi por aí, na internet. Se alguém precisar reclamar direitos autorais, não se constranja - EU APAGO a crônica.

Pela primeira vez  tenho que parabenizar um esquerdista , por ter elaborado um texto com tamanha lucidez e equilíbrio .Talvez, uma autocrítica inédita .O único que conseguiu ler o recado das urnas.Vale muito a pena a leitura.
Prof. Dirceu Grasel

De onde surgiu o Bolsonaro?  (atribuído ao Sr. Gustavo Bertoche - Dr. em Filosofia )

Desculpem os amigos, mas não é de um "machismo", de uma "homofobia" ou de um "racismo" do brasileiro. Os eleitores do Bolsonaro, candidato do PSL, não são fascistas, machistas, racistas, homofóbicos nem defendem a tortura. Aliás, o próprio Bolsonaro não é nada disso, e nós sabemos disso. A maioria dos seu eleitores nem mesmo é bolsonarista.

O Bolsonaro surgiu daqui mesmo, do campo das esquerdas. Surgiu da nossa incapacidade de fazer a necessária autocrítica. Surgiu da recusa em conversar com o outro lado. Surgiu da insistência na ação estratégica em detrimento da ação comunicativa, o que nos levou a demonizar, sem tentar compreender, os que pensam e sentem de modo diferente.

É, inclusive, o que estamos fazendo agora. O meu Facebook e o meu WhatsApp estão cheios de ataques aos "fascistas", àqueles que têm "mãos cheias de sangue", que são "machistas", "homofóbicos", "racistas". Só que o eleitor do Bolsonaro não é nada disso nem se identifica com essas pechas. As mulheres votaram mais no Bolsonaro do que no Haddad. Os negros votaram mais no Bolsonaro do que no Haddad. Uma quantidade enorme de gays votou no Bolsonaro.

Amigos, estamos errando o alvo. O problema não é o eleitor do Bolsonaro. Somos nós, do grande campo das esquerdas.

O eleitor não votou no Bolsonaro PORQUE ele disse coisas detestáveis. Ele votou no Bolsonaro APESAR disso.

O voto no Bolsonaro, não nos iludamos, não foi o voto na direita: foi o voto anti-esquerda, foi o voto anti-sistema, foi o voto anti-corrupção. Na cabeça de muita gente (aqui e nos EUA, nas últimas eleições), o sistema, a corrupção e a esquerda estão ligados. O voto deles aqui foi o mesmo voto que elegeu o Trump lá. E os pecados da esquerda de lá são os pecados da esquerda daqui.

O Bolsonaro teve os votos que teve porque nós evitamos, a todo custo, olhar para os nossos erros e mudar a forma de fazer política. Ficamos presos a nomes intocáveis, mesmo quando demonstraram sua falibilidade. Adotamos o método mais podre de conquistar maioria no congresso e nas assembleias legislativas, por termos preferido o poder à virtude. Corrompemos a mídia com anúncios de empresas estatais até o ponto em que elas passaram a depender do Estado. E expulsamos, ou levamos ao ostracismo, todas as vozes críticas dentro da esquerda.

O que fizemos com o Cristóvão Buarque?

O que fizemos com o Gabeira?

O que fizemos com a Marina?

O que fizemos com o Hélio Bicudo?

O que fizemos com tantos outros maiores ou menores do que eles?

Os que não concordavam com a nossa vaca sagrada, os que criticavam os métodos das cúpulas partidárias, foram calados ou tiveram que abandonar a esquerda para continuar tendo voz.

Enquanto isso, enganávamo-nos com os sucessos eleitorais, e nos tornamos um movimento da elite política. Perdemos a capacidade de nos comunicar com o povo, com as classes médias, com o cidadão que trabalha 10h por dia, e passamos a nos iludir com a crença na idéia de que toda mobilização popular deve ser estruturada de cima para baixo.

A própria decisão de lançar o Lula e o Haddad como candidatos mostra que não aprendemos nada com nossos erros - ou, o que é pior, que nem percebemos que estamos errando, e colocamos a culpa nos outros. Onde estão as convenções partidárias dos anos 80? Onde estão as correntes e tendências lançando contra-pré-candidatos? Onde estão os debates internos? Quando foi que o partido passou a ter um dono?

Em suma: as esquerdas envelheceram, enriqueceram e se esqueceram de suas origens.

O que nos restou foi a criação de slogans que repetimos e repetimos até que passamos a acreditar neles. Só que esses slogans não pegam no povo, porque não correspondem ao que o povo vivencia. Não adianta chamar o eleitor do Bolsonaro de racista, quando esse eleitor é negro e decidiu que não vota nunca mais no PT. Não adianta falar que mulher não vota no Bolsonaro para a mulher que decidiu não votar no PT de jeito nenhum.

Não, amigos, o Brasil não tem 55% de machistas, homofóbicos e racistas. Nós chamarmos os eleitores do Bolsonaro disso tudo não vai resolver nada, porque o xingamento não vai pegar. O eleitor do cara não é nada disso. Ele só não quer mais que o país seja governado por um partido que tem um dono.

E não, não está havendo uma disputa entre barbárie e civilização. O bárbaro não disputa eleições. (Ah, o Hitler disputou etc. Você já leu o Mein Kampf? Eu já. Está tudo lá, já em 1925. Desculpe, amigo, mas piadas e frases imbecis NÃO SÃO o Mein Kampf. Onde está a sua capacidade hermenêutica?).

Está havendo uma onda Bolsonaro, mas poderia ser uma onda de qualquer outro candidato anti-PT. Eu suspeito que o Bolsonaro só surfa nessa onda sozinho porque é o mais antipetista de todos.

E a culpa dessa onda ter surgido é nossa, exclusivamente nossa. Não somente é nossa, como continuará sendo até que consigamos fazer uma verdadeira autocrítica e trazer de volta para nosso campo (e para os nossos partidos) uma prática verdadeiramente democrática, que é algo que perdemos há mais de vinte anos. Falamos tanto na defesa da democracia, mas não praticamos a democracia em nossa própria casa. Será que nós esquecemos o seu significado e transformamos também a democracia em um mero slogan político, em que o que é nosso é automaticamente democrático e o que é do outro é automaticamente fascista?

É hora de utilizar menos as vísceras e mais o cérebro, amigos. E slogans falam à bile, não à razão.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

PAIS QUE NÃO SÃO PAIS... FILHOS QUE SÃO COISAS... CELULARES QUE SÃO BABÁS

"Não sei onde eu errei com você, filho..." - "Estou aqui, pai!"
Extraído de um conteúdo da SEED Paraná
 
E a humanidade caminha inexoravelmente para mais uma encruzilhada... Estou com sinceros receios de que a civilização ocidental esteja morrendo, mais por causa de si mesma e de suas escolhas, do que por fatores exógenos a ela.

A modernidade tem nos empurrado literalmente para uma sociedade em que infância não tem vez (ainda que existam rótulos aparentemente favoráveis), em que o que vale é a satisfação pessoal a QUALQUER custo, em que coisas e animais irracionais recebem mais atenção do que à prole de dita sociedade... valoriza-se mais o que é "politicamente correto" do que é NITIDAMENTE CORRETO. Enfim...

Mas nem todo mundo se acomoda. Prova disso é o excelente ensaio de uma psicóloga, Viviane Battistela, que transcrevo aqui, e que tem o título de...

AS CRIANÇAS TERCEIRIZADAS CRESCERAM E SE MATARAM

Na semana que passou gravei uma série de stories sobre o aumento estrondoso do suicido entre adolescentes e jovens.
Um grito de alerta, não de uma psicóloga, mas de uma mãe amedrontada, de uma mulher que lutou com todas as suas forças pela própria vida, de uma mãe que se dedica a educar seu filho.
Ouvi recentemente de uma senhora idosa que “está tudo bem” se a nora dela der o celular nas mãos dos filhos diariamente porque tem “coisas para fazer”. Vou falar o que? Sou veementemente contra enfiar aparelho eletrônico na fuça de criança para que elas “deem sossego” Primeiro porque são crianças e precisam de rotina: tomar banho, jantar, fazer o dever de casa... e isso leva tempo, não vejo necessidade alguma e nem vejo tempo livre para que fiquem no celular. Segundo porque eles já têm idade para entender que se a mãe precisa fazer o jantar ou qualquer outra atividade no lar eles tem que respeitar isso. E terceiro porque eu não consigo ligar uma coisa à outra. Por que dar o celular na mão do filho enquanto você tem que fazer o jantar? “Ah mas é que com o celular na mão eles ficam quietos! Não brigam e me dão sossego!”
Pois é! Crianças brigam e fazem barulho. Entre irmãos é natural e importante que se relacionem, que briguem por espaço e por atenção e que aprendam a se respeitar porque é através dessa experiencia que criam laços de afeto. Casa com crianças tem barulho. E é importante que eles vejam as obrigações dos pais para que entendam que todos as têm na vida adulta – e já na infância podem ter também. A vida real precisa ser mostrada.
Eu não posso falar nada quando ouço essas conversas "porque meu filho não usa o celular de segunda a sexta e o mais importante: meu filho me obedece! Qualquer comando que eu dê a ele seja frustrante ou não ele faz. Ele reclama, faz drama, argumenta como ninguém, tenta se safar...dá um trabalho imenso, mas ele me obedece".

Talvez seja este o trabalho que os pais não querem. Sou taxada de brava, de rude, muitos não gostam do meu tom ao falar desse assunto porque sentem-se criticados, pois eu tenho um pedido: por favor, não tenham (mais) filhos! Estou cansada de ver o sofrimento deles, cansada de conversa afiada e cansada de ser criticada porque eu educo meu filho com disciplina.

Educar leva tempo – na verdade anos de sua precisa e egoísta existência, além disso desgasta, tira a gente do sério, mas crianças não podem ser deixadas para segundo plano e nem terceirizadas para que o celular cuide delas e as eduque.

O mundo é um lugar hostil, não há espaço para quem vive numa bolha sendo entretido por smartphones e cuidado por babás, empregadas domésticas, motoristas e professores que são cobrados o tempo todo para que exerçam funções que são dos pais.
Parem de ter filhos! O mundo está apinhado de gente e vocês não tem tempo para educá-los.
Se você não tiver filhos eles não atrapalharão suas noites, seus finais de semana e suas férias.
Se você não tiver filhos você não terá que deixar de comprar coisas para você para comprar para eles.
Se você não tiver filhos você não terá que se preocupar com a rotina doméstica nem com a alimentação, a limpeza, as roupas e a segurança dentro de casa.
Se você não tiver filhos você não terá que passar noites em claro cuidando da febre nem tardes de sábado estudando para a prova da segunda-feira.
Se você não tiver filhos você não vai precisar usar grande parte do seu tempo conversando com eles, falando sobre ética e moral, passando conceitos e valores que são seus, dando-lhe lições e exemplos de vida e mostrando-lhe uma denominação religiosa e pessoas inspiradoras nem abraçados a eles quando estiverem tristes ou sentindo-se mal. Existem pais que não querem perder dez minutos para conversar com seus filhos na infância, se não fizerem isso, na adolescência não vai adiantar tentar.
Se você não tiver filhos não vai precisar dar a eles um animal de estimação para que eles aprendam a cuidar de um ser vivo, a respeitar e viver a experiencia da amizade mais verdadeira que existe.
Se você não tiver filhos você não vai precisar fazer passeios que eles gostam mais do que você, nem fazer encontros de amigos em casa, nem festas de pijama e nem ficar na fila dos brinquedos do parque por quase duas horas.
Se você não tiver filhos você terá o tempo e o silencio que quer sem sacrificar a vida de um ser humano que precisa de você e que não pediu para nascer.
Se você não tiver filhos não terá que discutir com o outro genitor deles sobre nenhum assunto e se vocês vivem juntos essas crianças não irão atrapalhar vocês porque pasmem, eu ouço da boca de muitos pais que os filhos atrapalham!
Se você não tiver filhos você não vai precisar cortar suas as unhas, pentear seus cabelos, dar-lhes banho, escovar seus dentes e ensiná-los a fazer tudo isso sozinho conforme crescem.
Se você não tiver filhos você não vai ter que ir a reuniões escolares, checar a agenda escolar todos os dias, acompanhar as notas, levar às aulas complementares nem ler para eles quando ainda não souberem ler.

Eu sinto muito informar-lhes, mas se vocês tiveram filhos vocês têm uma obrigação que não pode ser terceirizada a ninguém por mais dinheiro que vocês tenham. Dinheiro não substitui afeto. Não se ama os filhos sem dar tempo e atenção a eles.
As crianças terceirizadas estão crescendo e cometendo suicídio porque não dão conta de viver num mundo para o qual não foram apresentadas, porque se sentem desamparadas e culpadas, são livres para fazer o que quiserem mas nunca sentiram-se importantes e são tratadas como se atrapalhassem a vida de quem as colocou no mundo.
Nenhum indivíduo sobrevive a tamanha dor e para esta dor o remédio que buscarão está lá na boca de fumo ou na janela pela qual se jogam.

Não tenha filhos, já estou cansada de ver adolescente e jovem se suicidarem.

Por favor, ensinem seus filhos o valor da vida.

Obrigada.

ESTUPIDEZ DE GENTE "CULTA"

(charge baixada do blog agoradiscursiva.blogspot.com) Pessoas, precisamos ser pragmáticos - DESPIORA é muito ruim, tanto na grafia quanto n...